Muitos pais procuram encontrar o meio termo entre a permissividade e o autoritarismo na hora da alimentação. E essa busca é, sem dúvida, um ponto chave para a paz e harmonia na hora das refeições.
É extremamente importante aprender a “ler” todos os sinais e pistas que a criança oferece durante a alimentação. Se responsivo a esses sinais irá tornar os momentos de refeição muito mais fáceis para todos. Você não irá precisar de tantos “pode ou não pode”, “faça isso, faça aquilo”, quando você enxerga e se guia pelo caminho que a sua própria família constrói.
Mas embora a responsividade seja uma meta, é importante ter em mente as regrinhas que simplificam nossa alimentação.
Não são regras que pretendem dificultar toda a dinâmica, mas que existem para facilitar o dia a dia, dar previsibilidade e estrutura para que a criança desenvolva e aprenda habilidades de alimentação.
Oferecer a mínima estrutura para que a criança consiga se autorregular de forma saudável, sem excessos ou restrições. Que ela consiga entender que sua participação nas refeições familiares é importante, ainda que ela esteja sem fome. Que isso traga sensação de pertencer à sua família, ser importante! E entender que ela pode e deve ter poder de escolha, diante do que ela pensa que é confortável e prazeroso pra si mesma.
Liderança e autonomia são dois pontos chave quando tratamos da dinâmica alimentar na infância. Liderança por parte do adulto envolve disciplina positiva. Autonomia envolve permissão para ser quem ele é. Entender sua própria fome e seus gostos.
Assim, é importante que a criança entenda que algumas questões não estão sob negociação. Não se come bolo na hora do almoço, por exemplo. Mas se eu abro a geladeira e digo: “o que você quer comer?”, eu abro espaço para ela responder “bolo”.
Muitos pais reclamam que a criança não come o almoço se não insistirem, mas não percebem que, deixando de lado essas regrinhas, não investem na habilidade da criança em sentir fome, desejo e vontade de comer na hora da refeição.
Conexão. Observação. Comunicação. Isso pouco se ensina, mas é primordial.
O relacionamento entre quem come e quem alimenta pode facilitar o desenvolvimento de habilidades essenciais para a alimentação ou pode funcionar no oposto. Minar a autorregulação e a confiança da criança, promovendo medo e ansiedade.
Aline Padovani, educadora parental e fonoaudióloga